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Nazaré e o espetáculo das ondas gigantes


O surfe encanta a todos. Principalmente o surfe de ondas gigantes.
A praia de Nazaré em Portugal encanta por ser onde quebram as maiores ondas do planeta. Para muitos surfistas uma meta, mas para a maioria dos seres humanos surfistas normais, só em esta respirando toda a atmosfera desse ambiente já é bem mais que um sonho. Para surfar uma montanha de água do tamanho de prédios em movimento apenas algumas dezenas de pessoas no mundo estão preparadas.
O pernambucano Christiano Mascaro, diferente dos “big rides” que costumam comentar suas performances por aqui, esteve lá e vai nos contar na perspectiva de um apaixonado pelo esporte como é esta pela primeira vez frente a frente com a maior expressão da natureza.

“Nazaré era um sonho antigo. Um daqueles lugares míticos que causa magnetismo para qualquer um que goste de surfe. Eu estava fazendo um mestrado em
Portugal, e perto de voltar ao Recife, sentia que não ter feito essa visita seria falta grave no meu caderninho de metas a cumprir.
Eu sempre falei de Nazaré com meus colegas portugueses, nenhum surfista, e falei da dificuldade de encontrar informação sobre como ir. Se for de carro tudo fica fácil, mas não era o meu caso.
Numa dessas conversas perguntei quem topava ir comigo, ou “quem alinha?”, como dizem por lá.
Mostrei vídeos no Instagram da surfista de ondas gigantes Justine Dupont e das ondas que ela vinha surfando nos últimos dias, era meados
de Janeiro. Com isso consegui dois companheiros e guarita oferecida por Ana, uma amiga portuguesa com pais que moravam em Leiria, próximo a Nazaré, que ainda nos ofereceu o carro da família para chegarmos ao pico.
Chegamos em Nazaré no final da manhã e logo estávamos em suas ruelas com o casario bem preservados. Uma charmosa cidade praiana com senhoras em belos trajes típicos vendendo quitutes ou lembranças, esbanjando simpatia. o local era uma vila de pescadores e destino de verão e réveillon dos portugueses dos arredores antes de ser descoberta pelos surfistas de ondas gigantes.
Logo entendi porque não é recomendável ir de ônibus. A estação fica no final da praia e dali tem de se fazer uma boa caminhada até o teleférico que leva para a parte alta da cidade e depois fazer outra caminhada generosa até o Forte de Miguel Arcanjo, ou simplesmente Forte de Nazaré, de onde se tem uma
privilegiada vista de onde acontece o espetáculo.
Mas eu só pensava nas ondas. O surfe depende do capricho da natureza, da convergência de vários fatores, então o receio de chegar lá e não ver “a máquina” funcionando era grande até que eu vi, mesmo de longe, uma das grandes subindo lá no pontal e quebrando nas
pedras. Numa escala que nunca tinha visto. Aquele horizonte “flat” que em um determinado ponto subia uma montanha de água e arrebentava nas pedras.
No caminho para o farol pensei: “Se de longe a onda parecia grande, imagina do farol? Imagina da água? Como da água não é uma possibilidade para mim, só nascendo de novo e não cultivando certos hábitos que aprecio, lá das pedras já seria uma experiência incrível.
Estacionamos o carro e andamos até o forte que abriga o farol. Lá tem algumas exposições sobre os surfistas e a onda de Nazaré, uma maquete que reproduz a falha geológica submersa que forma o canhão de Nazaré, além de pranchas emblemáticas e fotos surreais de swells assustadores.
À direita do farol, via-se que havia grande atividade em boa parte da praia, com ondas espalhadas e muitos surfistas, o que me surpreendeu. Pagando 1 Euro, entramos no farol para ver de camarote.
Realmente Nazaré é tudo o que dizem. As borrifadas das ondas chegavam até quem estava na ponta do
Farol. Você sente no rosto o último suspiro de uma onda enorme que quebrou na sua frente e
vem com um espumeiro gigantesco, que explode nas pedras e, por último, no paredão da base
do forte.
Sentei em um murinho e fiquei bastante tempo vendo os drops dos surfistas e depois eles tomando ondas na
cabeça com jet skis por todo lado. Tinha uma competição acontecendo, e para minha surpresa
reconheci o bicampeão de Ondas Gigantes e também pernambucano Carlos Burle passando informações por um rádio, sobre onde sua equipe deveria se
posicionar. Dali víamos as séries entrando enquanto ele orientava Lucas Chumbinho.
Chumbinho pegou altas ondas e levou um “pesco-tapa” do lip que deu para ouvir lá de cima. Fiz uma foto com Burle, que foi muito simpático e receptivo, e quando disse que eu era de Recife ele sorriu ainda mais. Me despedi e ele mandou um recado : “Manda um abraço para galera do Recife.”
Agora através deste texto está dado, meus amigos! Quem tiver a chance de visitar Nazaré e der a sorte de ver aquelas ondas quebrando
vai entender o que tentei descrever neste relato.
Agradeço o convite do amigo “Gondão” para colaborar informalmente com esta Coluna, um espaço
onde ele divulga e mata nossa sede por informações sobre o surfe. Que as coisas normalizem
logo para voltarmos à água. Cuidem-se todos.”

 



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